Sim! A felicidade é interna, não há ninguém que possa entregá-la a você. Somos responsáveis por cultivá-la. E é impressionante que, ao contrário do que todo mundo faz, quando "saímos de nós" é que somos mais felizes.
Apesar disso, é muito comum as pessoas pegarem partes de ensinamentos de sabedoria e lançarem suas frases sem nenhum juízo crítico prévio, apenas para justificarem seus comportamentos autocentrados. E isso é muito grave.
É grave porque fecha, para essa pessoa, o verdadeiro alcance dos ensinamentos. O que seria libertador e fonte de sabedoria e de ações virtuosas acaba servindo de justificativa para reforçar o seu ego, sua ignorância e suas ações desvirtuosas.
Tais ações levam a mais e mais sofrimento, tanto para quem as pratica quanto para quem as recebe. Pois é muito perigoso pensar: "Eu não tenho participação nenhuma na felicidade e sofrimento de alguém." Esse pensamento só levará ao uso e descarte das pessoas para o próprio proveito, sob a justificativa de que: "Ora, a felicidade dela não é problema meu."
Meus amores, é sim! Precisamos entender nossa responsabilidade afetiva na vida das pessoas ao nosso redor e buscar relações saudáveis, em vez de usar e descartar as pessoas conforme nos servem ou não. Dessa forma, será sempre nossa escolha sermos catalisadores de felicidade e conexões genuínas, ou apenas propagadores de sofrimento.
À medida que uma pessoa nutre sentimentos no outro, formam-se laços de compromisso, e isso é sua responsabilidade. Portanto, não se deve nutrir aquilo que não se pode ou não se quer sustentar. A prática da sinceridade e transparência deve ser levada muito a sério, nunca esquecendo o cuidado com os sentimentos alheios.
Além disso, é necessário um autoexame constante. Sempre nos perguntando: O que eu quero com isso? Para onde isso pode me levar? Realmente estou contribuindo para minha felicidade e para o bem-estar ao meu redor?
A felicidade é interna, mas ela é permeada por conexões. Quanto mais desconectados nos sentimos do mundo e das pessoas, mais solitários e tristes nos tornamos. Quanto mais o foco está em nós mesmos, sob a justificativa de buscar a felicidade, mais nos afastamos dela, pois a ação egocêntrica busca prazeres sensoriais que se desfazem rapidamente, colocando-nos em constante estado de insatisfação.
Quando se diz que a felicidade é interna, não se trata da quantidade de bem-estar ou prazer que se sente, mas sim do sentimento de conexão com tudo e todos ao nosso redor. Quando aprendemos que, sim, somos responsáveis por isso — que quanto mais cuidamos do outro, mais nos libertamos de nós mesmos, e que não há qualquer separação entre "eu" e o "outro" —, nesse momento, realmente nos engajamos no cultivo de nossa felicidade.
Pois não existe felicidade quando ainda nos entendemos separados um do outro;
Não há felicidade quando se acredita que o "eu" é mais importante, mais bonito ou mais merecedor do que todo mundo;
Não há felicidade quando o "eu" acha que tem qualquer tipo de prioridade em relação aos outros;
Não há felicidade quando o "eu" acha que pode seduzir, obter prazer e depois ignorar os seres;
Não há felicidade quando o "eu" se vê diferente da natureza e acredita que não precisa de cuidado ou consciência sobre ela;
Não há felicidade quando o "eu" não analisa criticamente os ensinamentos e os usa para justificar condutas egoístas, tornando o ambiente à sua volta triste e amargurado, em vez de feliz e radiante.
E o que devemos fazer para romper com esse ciclo de sofrimento? Ciclo que nos coloca em busca de felicidades condicionadas, que já trazem em si a semente do sofrimento?
Comece analisando sua atitudes:
Sente em silencio, faça 3 respirações profundas e depois deixe sua respiração fluir calmamente.
Adote uma postura relaxada, mas vigilante;
Agora, pergunte-se:
O quanto você se importa com quem está ao seu lado?
Se essas pessoas deixarem de ser úteis para você, você ainda se importará?
Você será capaz de beneficiar essas pessoas, mesmo quando elas não te servirem mais?
Que tipo de relações você está nutrindo agora? É o velho "toma lá, dá cá"?
Você só considera alguém seu amigo se essa pessoa tiver algo para te oferecer? Se ela não te der nada, nem mesmo um sorriso, ainda será seu amigo?
Responda a tudo sem pressa e com muita sinceridade. Você pode não gostar do que vai ouvir de si para si, mas enfrente, aceite. Não gere mortificação, não se penalize, nem se sinta o pior dos piores, pois a prática não é essa. A prática é gerar o entendimento necessário. Quanto mais você se conhece, mais rápido pode se libertar de padrões de sofrimento.
Dessa forma, entenda todo o seu egoísmo, seu autointeresse. Entenda bem essas coisas. E tome a decisão de não ser escravo delas. Tome a decisão de não mais ser fonte de sofrimento. Tome a decisão de se libertar de si mesmo.
Para isso, a compaixão deve ser seu norte, e a sabedoria, o seu cultivo. Não se desvie nem por um segundo, mas, se houver desvio, retome assim que perceber. Caso contrário, tudo o que colher será tristeza, sensação de separação e desconexão, gerando uma insatisfação perene.
A frase "Você é uno com o universo" não é para ser bonita, metafórica ou romântica. É para ser praticada e sentida até as pontas dos cabelos. Quanto mais rápido se entende isso, mais coerente, responsável, pacífico e cuidadoso se torna o seu caminhar em relação a todo ser, pois não haverá mais separação entre o "eu" e o "outro".
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