Bora Refletir? - Por Gabi Sencades
Para mim, que encontrei nas Artes Maciais um caminho, ter as armas nele é natural, pois minha prática física me conecta com minha lucidez e espiritualidade. E minha mente constrói lindos símbolos que me ajudam a lembrar o porquê eu faço tudo isso.
Artes Marciais Como Caminho
Parece contraditório, pois quem entende que Artes Marcias seriam apenas expressão da violência, talvez seja difícil de compreender que, por meio dessa prática, podemos ajudar nossa mente a alcançar um nível de realização muito profundo.
As Artes Marciais são práticas muito complexas nas quais não trabalhamos apenas o corpo. Para o artísta mais atento, elas trabalharão o corpo, a energia e a mente. E, através do visível, manipulamos o invísivel, equilibramo-lo e o usamos a nosso favor. Pois a energia que se desloca consciente gera uma mente pacífica e atenta. E a mente livre de venenos gera uma energia estável, capaz de agir no mundo sem se abalar (não é que não sofra, mas é capaz de se reestabelecer rápido e atuar de forma positiva e consciente diante de situações desafiadoras).
Mas, é preciso entender que nem para todos os artistas a arte marcial poderá ser um caminho. Àqueles que se ligam apenas a motivações externas, talvez não alcacem todos os benefícios que se pode obter com a prática. E está tudo bem. Cada um tem seu tempo e sua motivação. Melhor que apontar o coleguinha é olhar para nós mesmos e sempre nos perguntamos: Por que eu estou fazendo isso mesmo?
Esta pergunta nos irá conectar à resposta cerne da nossa motivação. E toda vez que a respondemos renovamos nossos votos de nos mantermos naquilo que estabelecemos como nosso caminho e seguimos adiante.
As Armas e Os Votos
Com minhas armas acontece exatamente assim. Quando olho para elas é como se conversassem comigo, relembrando-me do porquê eu faço o que faço. Elas não me deixam esquecer que através das artes marciais eu me mantenho firme no mundo, sou capaz de abrir o coração e não me deixar paralizar com medo de nada. Através delas entendo que posso errar, mas que estarei pronta a corrigir o erro o mais brevemente possível, com hulmidade para reconhecê-lo, pedir perdão, perdoar e se perdoar.
Além disso, mantenho minha mente aberta para o aprendizado, há sempre o que aprender e ensinar, não se chega ao final, seremos todos alunos sempre, com a mente ativa, curiosa e pronta para o próximo desafio. E com coragem, pois pode vir o que vier, eu poderei cair mil vezes, mas mil vezes irei me levantar. Pois não vim a este mundo por mim, não me mantenho neste mundo por mim, tenho todos os seres a proteger e me dedicar. Eles precisarão de mim, e, por isso, preciso cortar com urgência as raízes das minhas ilusões e enganos para poder completar esta missão e realizar este propósito.
Se não for eu quem vai fazer? Se não for você quem vai fazer? Todos eles precisam de nós.
Os Símbolos
Nesse ideal mais elevado de aspiração deixo minha espada aos pés do Buda. A espada me representa. Como a arma mais nobre de muitas tradições, ela representa a alma do artista e aqui a coloco aos pés da Consciência Búdica, para dizer "estou aqui para seguí-la daqui até a iluminação, minha e de todos os seres e por isso a minha espada servirá ao Darma através dos tempos sem fim."
Todas as outras armas envolvem o altar em forma de proteção. Assim é simbolizado para representar que minhas armas protegem e servem ao Buda, ao Darma e à Sanga, que são as três joias que levam para o caminho da Iluminação. E aspiro que apenas benefícios estas armas possam emanar.
Meu altar não é um altar canônico, longe disso. Não é nada tradicional. Ele parte da minha luminosidade e aqui compartilho com a luminosidade de vocês, para dizer que é assim que estabeleço as minhas práticas de Kung Fu e Tai Chi Chuan nas aspirações mais elevadas. Com a aspiração pura, que se espalhem benefícios em todas as direções!
E para você? O que há de mais elevado? Já puseste no altar de tua mente? Bora refletir?
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