Resumo Histórico do Kung Fu - Saúde, arte, filosofia e defesa pessoal.


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Essa pesquisa visa esclarecer e resgatar a origem histórica do Kung fu. Entendendo essa arte marcial como expressão do desenvolvimento natural da cultura na China, que sempre esteve integrada com a medicina tradicional chinesa, filosofia e artes.

Inicialmente, os alunos de Kung fu também tinham aulas de medicina chinesa, caligrafia e das filosofias taoístas, budistas e confucionistas. Tal letramento e cultura fizeram o mito do herói Kung fu, como sendo àquele que protege os fracos contra as injustiças além de serem detentores de poderes místicos que desafiam a lógica do mundo usual.

Mas, nem tudo foram glórias. Após as invasões Manshus percebe-se um declínio de tal nobreza marcial e muita fragmentação, seja da base técnica como de seus princípios éticos e terapêuticos. Muito pelo contexto de misérias e disputas que o mundo moderno apresenta para esta arte marcial, tal fragmentação compôs um novo desafio a sobrevivência da arte. Porém, por hora, vamos descortinar os seus primórdios e entender seu estabelecimento como parte da própria história chinesa.

Primeiramente, podemos perceber uma figura central, tanto para as artes marciais quanto para a Medicina Tradicional Chinesa: Huang Ti, o Imperador Amarelo, suas técnicas de exercícios para o cultivo da saúde deram origem a um Kung fu bem rudimentar, empregado pelo próprio em batalha. Assim as técnicas que evoluíram para o kung fu que conhecemos hoje, sempre estiveram atreladas à prevenção de doenças e ao cultivo da saúde do corpo, mente e espírito, elementos indissociáveis da medicina chinesa.


Em seguida, vemos que técnicas de defesa pessoal foram desenvolvidas por soldados que participavam a contra gosto de jogos organizados por um senhor da guerra chamado Chi-yu. O desenvolvimento técnico da arte começa como forma de sobrevivência dos soldados a estes jogos. Dessas sequências de aprimoramentos podemos observar que a partir do século XI a.C o conteúdo militar e político é base da literatura da época, influenciando a população a desenvolver uma cultura militarizada, em que homens e mulheres eram influenciados a treinar defesa pessoal.

Ao final dessa primeira parte da cronologia já percebemos dois atores que influenciaram toda base filosófica e religiosa da China: Confúcio e Lao tze. Confucionismo e taoísmo são aderidos como base filosófica também no kung fu, marcando os pressupostos dos princípios éticos do praticante de kung fu. Aqui, um bom praticante deve atingir um nível alto tanto de destreza técnica quanto de sabedoria. Corpo e mente integrados formando um sistema único.

Isso é só o começo!

Em um segundo momento histórico podemos ver um grande desenvolvimento do kung fu. Sendo um período de estabilidade e incentivo às práticas marciais.

A partir do séc. V a.C a registros de que os monge eruditos praticavam movimentos a fim de cultivar a saúde, baseadas em técnicas inseridas pelo Imperador Amarelo no séc. XXVII a.C.

No séc. I a.C o kung fu tem grande incentivo do imperador Han Wu Ti. Sua contribuição foi tão significativa que 200 anos após sua morte o poeta Pa Kun escreve o livro Han, em sua homenagem, contendo as estratégias do Kung fu, compilando técnicas de treinamento do corpo e da mente.

E nos sécs. I e II d.C surge o “estilo da mão cumprida”, primeiro estilo moderno. Paralelamente o médico Hua T’o desenvolve exercícios baseados nos movimentos de animais com o objetivo de promover saúde. É o primeiro registro de exercícios inspirados nos movimentos de animais, dando base, séculos mais a frente, aos estilos modernos de kung fu.

Por fim, século VI o 28º patriarca budista, Ta Mo (ou bodhidharma, em sânscrito) chega à China se instalando no Mosteiro de Shaolin, norte da China. Dentre seus ensinamentos trouxe exercícios para o corpo e mente. Estava instalado o zen budismo no país, chamado de C’han, junto com os pressupostos do estilo Shaolin do Norte chamado “Os 18 Movimentos das Mãos de Arhan.”

Fechando esse apanhado geral sobre as origens do kung fu vemos que no séc. VIII o estilo dos monges tomou caminhos mais marciais, dando contorno a aspectos de defesa pessoal aos exercícios.

No séc. XII surge o estilo garra de águia.

E no séc. XV temos uma marcante mudança em toda história das artes marciais chinesas. O monge taoísta Chang San-fung desenvolve o estilo interno, chamado de “Punho Leve” de onde se origina o Tai Chi Chuan e outras modalidades de estilos internos. Assim a partir daqui temos duas escolas principais escola externa: yang, desenvolvedora da força, agilidade e do corpo e a escola interna: yin, que foca na saúde, nos órgãos internos e do cultivo do chi (energia) e da longa vida.

Séc. XVI houve uma grande compilação das técnicas marciais no Templo Shaolin, havendo a documentação de 70 estilos já praticados e desenvolvimento de outros mais totalizando 170 estilos subdivididos em 5 estilos derivados de animais: dragão, tigre, leopardo, cobra e grou.

E por fim, dá-se o início do fim do “período dourado” para artes marciais chinesas, que foi marcado com glorias e honras. Pois no séc. XVII as invasões Manshus foram implacáveis, destruindo totalmente o templo Shaolin, sendo revitalizado séculos mais tarde. O estilo Shaoilin sobreviveu graças a alguns monges que conseguiram resistir aos ataques e migram para o Sul da China, estabelecendo escolas e popularizando uma prática até então restrita aos monastérios.

Os Shaolins saem dos mosteiros para ganhar o mundo! Porém isso é outra história que teremos o prazer de contar!

Até breve!

Texto e pesquisa de Gabriela Sencades Migge, revisão Professor Antonio Carlos.

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Fontes:

Chan Kowk Wai e Veiga, Ariovaldo F.A. Kung fu Shaolin do Norte, técnicas básicas: primeiro e segundo kati e defesa pessoal. São Paulo: Biopress, 1995.
Chan Kowk Wai. Tai Chi Chuan – estilo yang tradicional. São Paulo: Barany, 2014.
Despeux, Catherine. Tai-chi Chuan: Arte Marcial, técnica da longa vida. São Paulo: Pensamento, 1981.
Minick, Michael. A sabedoria do Kung fu. Rio de Janeiro: Ed. Artenova. 1974.
Shahar, Meir. O mosteiro de Shaolin: história, religião e as artes marciais chinesas. São Paulo: Perpectiva, 2011. 

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